terça-feira, julho 02, 2013

Ahimsa - ação pacífica ou não violência


Quando o yogi se torna qualificado,
através da prática da disciplina ética,
por abster-se de ações ilícitas (yama)
e da auto-superação (niyama),
pode (então) começar a prática
de asanas e as outras técnicas.
Yoga Bhasya Varana, II:29



Ahimsa é muito mais do que uma ordem para não matar, não ser violento, tem um significado positivo mais amplo, significa AMAR. Um amor que abrange toda criação.

O cultivo da ação pacífica em relação a si próprio é essencial para que a ação pacífica com relação ao mundo possa de fato se tornar uma realidade.
A violência nasce do medo, da fraqueza, da ignorância ou da inquietação. A violência tende a declinar quando os homens aprendem a basear sua fé na realidade e na investigação, não na ignorância e na suposição.

A ação pacífica pode transformar todas as nossas ações. Paz gera mais paz!

Ação pacifica conosco e com o mundo, somos uno e também o todo.

Swami Kuvalayananda vê ahimsa não apenas do ponto de vista físico, mas da sua presença em pensamentos. A violência nos pensamentos pode ser pior do que a violência em si, [quando praticada sem a intenção e sem ressentimentos].
A não-violência não se aplica apenas aos outros, mas também na relação que temos com nós mesmos. A Não-Violência real é o estado de não se machucar, ou machucar alguém verbalmente, mentalmente e fisicamente.
Muitas vezes quando tratamos nosso tempo como se fôssemos uma máquina, os problemas de saúde causados por estresse, falta de sono, ansiedade, fadiga, etc., se tornam mais propícios a ocorrerem.
Ahimsa pode ser interpretada como não fazer mal a nenhuma criatura viva, o que se estende a ter uma alimentação vegetariana.
Praticando ahimsa colocamos nossa consciência no amor e soltamos as ações por esse caminho.

sexta-feira, junho 28, 2013

O suco VERDE



O objetivo de tomar o suco verde é aumentar a quantidade de nutrientes que comemos por dia. O suco pode ser vermelho, se adicionar beterraba ou laranja ao acrescentar cenoura. O importante é que o suco seja feito de verduras e legumes frescos, dê preferência aos orgânicos sempre!
É possível fazer o suco no liquidificador ou em qualquer centrifuga. Porém se você entrar realmente na onda do suco verde, sugiro imensamente que compre uma centrifuga que esprema os ingredientes e não que triture, o que geralmente as centrifugas normais fazem. O investimento em uma boa centrifuga irá economizar e muito na quantidade de suco que você extrai dos ingredientes, pelos meus cálculos você economiza até 30% de ingredientes!
Não estou aqui para fazer propaganda de centrifuga, mas posso declarar que tenho uma centrifuga Samson há mais de 15 anos, e ela é maravilhosa. Dá uma olhada, talvez tenha alguma centrifuga parecida para vender no Brasil, aqui vai o link: http://www.samsonjuicers.com/

Ingredientes do suco
No meu suco não existem ingredientes específicos, coloco os cabos do brócolis, agrião, pêra, inhame, beterraba, mirtilo, salsinha, enfim o que estiver disponível. É legal você estudar um pouco sobre os alimentos e suas propriedades, assim acrescenta no suco o que estiver necessitando no momento. Quando tomo o suco o imagino se transformando em exatamente aquilo que preciso para recuperar o meu corpo. A base do suco é:
1 maçã (para ficar docinho)
3 couve
1 pedaço de salsão
½ pepino
1 ou 2 cenouras
1 pedacinho de gengibre
No final você pode espremer um limão e tomar junto.
Como disse não existem ingredientes fixos, o importante é colocar no suco tudo fresco e saudável. O que queremos é aumentar a quantidade de nutrientes para que o organismo fique forte. Seria impossível comer tantos legumes e verduras assim num dia. Eu tomo dois sucos desses por dia e tenho certeza que ele ajuda muito a melhorar a qualidade do meu sangue.
Uma boa dica é a seguinte, faça o suco pela manhã e guarde em um vidro ou garrafinha de vidro para tomar a tarde. O importante é que o recipiente esteja totalmente cheio, assim não entra ar e não oxida o suco.


sexta-feira, junho 14, 2013

Nossa quanto tempo!


Faz muito tempo que não posto nada por aqui. 

Tenho dado algumas noticias pela pagina no Facebook: www.facebook.com/yogaecancer

Mas também lá não tenho tido muito tempo, ou melhor, disposição para escrever.

Completo em breve 10 meses de tratamento. Ontem fiz a possível última quimioterapia antes de fazer o transplante. Daqui alguns dias faço o exame Pet Scan, para ver que a doença acabou. Caso esse exame dê negativo provavelmente não precisarei fazer radioterapia! E estarei pronta para o transplante. A agonia é esperar fazer o exame é terrível. Mas vou respirando, relaxando e deixando o tempo passar.

Fico pensando no que dividir com vocês sobre Yoga vivendo esse capitulo da minha vida.  Na verdade acho que desde os 18 anos venho praticando para aprender a enfrentar as adversidades da vida. Não sabia que seria tão difícil, e por mais que eu não esteja verdadeiramente praticar muito, sinto que a base física e teórica que eu criei através da prática me ajuda e muito.

Às vezes fico mal, mas sei que são as drogas sobrecarregando meu corpo. Outros dias me dou parabéns e penso, nossa, estou indo bem. Nada como viver um dia de cada vez, e principalmente sem apego. Nada fácil também. Entro em crises profundas em relação ao futuro, em relação a vaidade, em relação ao porque de tudo isso. Mas sem crise vou passando por cada crise, deixando passar, deixando fluir.  

Vou tentar fluir mais textos por aqui. Fiz algumas transformações na minha vida, uma delas é deixar de ser empresária e trabalhar somente com Yoga. Estou muito feliz!

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Uma pausa em 2013



Caros familiares, amigos, alunos e professores colegas, é com um misto de emoções que eu compartilho com vocês uma história pessoal e muito séria. 

Fui recentemente diagnosticada com Linfoma de Hodkgin, estou atualmente em um processo muito poderoso de cura e auto-reflexão. O último ano da minha vida foi realmente maravilhoso com o nascimento do meu amado filho Ravi. Veja como a vida pode ser surpreendente e intensa ao mesmo tempo: surge a vida e a descoberta de sua fragilidade com esta doença.

Talvez alguns de vocês possam querer entrar em contato comigo, para saber mais e oferecer ajuda. Aprecio profundamente o gesto e intenção, mas o que é melhor para mim neste momento é ter meu próprio tempo para a introspecção, descanso e cura. Tudo o que está acontecendo e falar sobre este assunto é exaustante. Se vocês acreditam nos poderes curativos da vibração e da oração, serei muito grata em receber abertamente todas as preces.

Como estudante e professora de Yoga há muitos anos, este processo está certamente colocando à prova todas as minhas aulas. Manterei o foco e me atualizarei para poder, em breve, voltar a ajudar meus alunos em seus processos de crescimento através do Yoga.

Estou cancelando os cursos de formação de 2013 e reformularei a agenda no segundo semestre. A partir de março de 2014 acontecerão cursos em: Florianópolis, São Paulo, Campo Grande e Bahia.

Dentro deste meu período de recolhimento e cura, abro-me para receber as boas energias de vocês. Junto dos meus amados Clovis e Ravi ficarei passarei bem por este processo.
Muito obrigada e até breve!

Om shanti
Camila Reitz 



sexta-feira, outubro 19, 2012

Ahimsa através da comunicação


Ahimsa é o primeiro dos Yamas, valores universais ensinados no Yoga. É o princípio da não violência, ou seja, da ação pacifica. O ícone deste valor na Índia e no mundo foi Gandhi que através do não revidar a violência do império inglês, conseguiu acabar com a colonização da Inglaterra na Índia.
A violência ocorre em vários níveis, e o princípio de ahimsa tem como objetivo acabar com qualquer tipo de violência, seja em pensamentos, em palavras ou em ações.
Nos dias de hoje a violência física é considerada como algo absurdo, por isso não saímos por ai dando soco na cara de pessoas que nos contrariam. Isso é muito obvio para as pessoas que tem uma boa condição de vida e de educação. A violência em pensamentos com certeza chega a extrapolar os limites da imaginação, no entanto na grande maioria das vezes não ultrapassa os limites da ação. Com isso vivemos em uma sociedade em que a forma mais simples de liberar a raiva é através da agressividade na comunicação oral ou escrita. Na comunicação escrita tomamos o nosso tempo e pensamos bem sobre o que escrevemos, e é exatamente por isso que as palavras se tornam intensas e quando mal escritas e com má intenção se tornam altamente agressivas. Já na comunicação verbal, como temos a tendência em reagir, fica muito difícil segurar a frustração e ao invés de dar um soco no cara, acabamos dando um soco na boca do estomago com palavras escolhidas para ferir.
Para que isso não aconteça, ou pelo menos com menos freqüência é interessante perceber que a raiz da agressividade surge da raiva e a raiva surge da obstrução de algum desejo. Perceba que sempre que você reage com impulsos de raiva é quando um desejo seu é obstruído, ou seja, quando você se percebe privado de algo que almeja. Então analisar os desejos e a sua relevância é o primeiro passo para uma comunicação pacifica.
Existem várias formas de comunicação e aqui vou explanar quatro delas, estas estão descritas na Bhagavad Gita, aprendi com a minha professora Gloria Arieira no retiro que fizemos no final de semana passado e confesso que escrever irá me ajudar a recordar e a memorizar.
As duas primeiras têm em si elementos para uma comunicação com ahimsa:
·       Comunicação entre um professor e um aluno – neste tipo de comunicação existe a entrega do aluno em ouvir com o coração aberto o que o professor diz. Existe o professor que oferece o conhecimento e o aluno que o recebe.
·       Comunicação entre duas pessoas que tem clareza mental. Quando essa comunicação acontece as duas pessoas tem como objetivo comum o bem um do outro. Por isso falando a verdade, sem agredir sempre chegam ao entendimento e ao crescimento.
As outras duas têm elementos que prejudicam a comunicação com ahimsa:
  • Comunicação julgadora. É aquela entre uma pessoa que tem pré-julgamentos em relação a outra. Quando tenho antipatia por uma pessoa, nada do que ela fale irá me servir. Tenho um pré-julgamento em relação a ela e a tudo o que vem dela. Acabo não ouvindo o que ela fala e projeto minhas aversões em suas idéias. Na verdade isso não é comunicação, pois o que é realmente falado não chega de forma real para a pessoa que “ouve”. Fica uma comunicação do tipo: “só porque você disse, eu não concordo”.
  • Comunicação onde só se fala, onde acaba ninguém ouvindo. Esse tipo de comunicação é o mais freqüente em nossa sociedade. Onde um quer provar por A mais B e através de quem fala mais alto que tem a razão. O objetivo principal desse tipo de “conversa”é  o desentupir e não comunicar verdadeiramente.
A maioria dos desentendimentos surge nos dois tipos de comunicação acima. Para que haja ahimsa através da comunicação é de extrema importância olharmos para o objetivo de estarmos nos comunicando. Perceba se você está deixando a outra pessoa falar. Perceba se você está acuando a pessoa e fazendo com que ela fique na defensiva. Perceba se existe a ausência de mostrar que você está sempre certo. Perceba se você não está julgando. Perceba se você está aberto para ouvir. Perceba se as palavras que você escolhe são as que a pessoa consegue ouvir.
Uma vez um professor na Índia me disse, se alguém não entende o que você falou foi porque você não falou da forma certa e não porque a pessoa que não sabe entender, então fale de outra forma.
Para alcançarmos uma comunicação com ahimsa temos que ter em mente o objetivo da conversa e este objetivo deve ser o entendimento. No entanto existem formas de conversar que não ajudam a chegarmos a um ponto comum. Somente conseguimos entender o outro quando nos colocamos no lugar do outro e percebemos que não faríamos diferente caso fossemos aquela pessoa. As maiores guerras do mundo começaram por pessoas acharem que o seu ponto de vista é o único certo.
Devemos nos lembrar da importância de ahimsa ser o primeiro dos valores do Yoga. Aqui vai um convite para reflexão sobre como nos comunicamos e um cuidar melhor do que falamos, quando e principalmente de como falamos.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Ser professor de Yoga


Cada pessoa procura a prática do Yoga por alguma razão especial, e através da dedicação e do tempo doado à prática, alcança os benefícios desejados. Ao perceber um estado de paz interior e bem-estar muitas ficam encantadas e acabam por projetar suas expectativas no professor de Yoga. Ele se torna uma pessoa importante e admirável, afinal trabalha com aquilo que ama, e transmite ensinamentos que podem transformar a vida dos alunos, assim como vem transformando a sua.

Pensando desta forma nasce dentro de muitas pessoas um desejo enorme de mudar tudo na vida, uma vontade de deixar o emprego que não satisfaz o coração e se tornar professor de Yoga também. No entanto, é importante lembrar que com a profissão nasce também uma responsabilidade, um dever, nasce o dharma de ser professor de Yoga. E assim como a prática, esse dever ultrapassa os limites da sala de aula, tornando-se um emprego de tempo integral.

Alguns questionamentos surgem durante a caminhada do dividir conhecimentos. O primeiro deles é: o que é ser professor de Yoga?

Outro é: o que necessito saber? Quando sei que estou pronto para ensinar?
Ser professor de Yoga é na verdade ser um guia espiritual. É ser o espelho onde o aluno enxergar suas dificuldades e também a sua luz. É ser a pessoa que mostra o caminho para o auto-conhecimento. Aqui percebemos que não é uma tarefa tão fácil, pois para ser um guia espiritual que mostra o caminho para o auto-conhecimento é necessário ter andado por este caminho. Para ser o espelho que reflete os condicionamentos do aluno é necessário estar livre dos próprios condicionamentos. O professor é aquele que transmite o conhecimento já realizado.

Então a dúvida para os professores. Será que somos professores? Ou apenas pessoas que transmitem técnicas e vislumbres do que seja essa experiência de realização através do Yoga? Acredito que é melhor a segunda opção, menos pretensiosa, mas realista. Somos instrutores, aquele que indica o caminho, pois conhece a direção e necessita de companhia para caminhá-lo. Afinal, aprendemos e muito ensinando.

Estou em contato com o Yoga a mais de 20 anos, e venho ensinando alunos regulares e futuros professores há quase 12 anos. Diariamente aprendo, continuo estudando, pesquisando, escrevendo, praticando e fazendo cursos de aperfeiçoamento. Tenho a sensação de estar no inicio da caminhada, tenho muito a aprender. Com a experiência vivida trago algumas informações relevantes para aqueles que ensinam e almejam iniciar nessa caminhada.

O importante é ensinar sem pretensões, é ser verdadeiro, é ser exemplo, não é necessário saber tudo, é necessário ser honesto em relação aquilo que se sabe e em relação as suas limitações. Acredito que existem qualidades básicas para ser professor. Afinal ensinar é mais do que transmitir técnicas. É necessário antes de tudo ter compaixão por todos aqueles que anseiam aprender. Além disso, é desejável manter uma atitude de desapego, lembre-se que os alunos não são “seus”, são alunos, que em algum momento irão escolher você para ensiná-los e em outros, irão procurar outra pessoa. Essa atitude nos protege de uma auto-crítica severa, pois quando estamos livres do sentimento de apego, não sofremos e nem duvidamos dos nossos conhecimentos ao “perder” um aluno. No entanto estar atento em relação a rotatividade muito grande de alunos é fundamental. É fácil dar aula para muitos alunos novos, é só fazer uma boa divulgação de seu trabalho. O difícil é mantê-los, para isso continue estudando e nas aulas aprofunde assuntos teóricos e espirituais.

Cuide para não “vestir” a projeção dos alunos, percebo isso acontecendo com vários colegas de trabalho. Assim como os alunos irão colocá-lo num pedestal, irão retirá-lo quando perceberem que você é uma pessoa normal, que está ensinando e aprendendo, tentando e dando o melhor de si. Na verdade todos nós como alunos almejamos encontrar o professor perfeito, e às vezes temos uma idéia platônica em relação aquele que escolhemos como professor. Quando a idealização não corresponde com a realidade, acabamos por perder o professor. Na verdade quem perde é o aluno, devemos aprender com aquilo que gostamos e também aprender a não repetir o que não gostamos.

Como professora, creio que o maior dever é incentivar e entusiasmar o aluno a praticar. Afinal sabemos que ao dedicar tempo a pratica, o Yoga se manifesta. Aprendi com a experiência que ao ministrar muitas aulas por dia acabamos diluindo a energia entre elas, e com isso diluímos também o entusiasmo, desta forma não fazemos bem o papel de professor. Concentre sua energia em dar poucas e excelentes aulas, com certeza isso trará bons resultados.

Caso você seja apenas um praticante encantado com os benefícios do Yoga e está entusiasmado em aprender mais e dividir seus conhecimentos, pense bem antes de deixar seu emprego e mudar totalmente a sua vida. Não é porque o Yoga se tornou uma ferramenta para seu crescimento, que a melhor forma de estar em contato com ele é se tornando professor. O contrário pode acontecer, você pode ficar tão envolvido com a prática de seus alunos que acaba não tendo tempo para a sua.

A profissão é maravilhosa, traz muita satisfação, porém a dedicação deve ser intensa. Para crescer é necessário investir em cursos de aperfeiçoamento, ter tempo para praticar, estudar e produzir conhecimento escrevendo textos e fazendo pesquisas. Não basta somente ministrar aulas, é necessário saber como lidar com aspectos mais densos da profissão, como cuidar da limpeza e harmonização do espaço em que trabalha, ter o compromisso de não falhar nos horários, divulgar o seu trabalho e saber cobrar por ele, além de tantas outras coisas básicas e pequenas que conduzem ao sucesso.

Este texto não tem como objetivo desanimá-lo em relação à idéia de ser professor, mas sim deixar muito claro que o entusiasmo deve ser grande o suficiente para aniquilar todas as dificuldades.

A sugestão é: se você está encantado pelo Yoga, continue praticando faça um curso de formação, aperfeiçoe sua prática, estude e leia muito. Mas como saber se está preparado? Lembre-se que a pessoa só aprende a nadar, entrando na água, e que aprendemos a ensinar a cada aula, a cada aluno novo, a cada dificuldade. Reflita se o seu dharma é ser professor, pois quando o dharma é seguido, o karma é suave, produz crescimento.

domingo, agosto 12, 2012

Tempo para praticar


Acabo de fazer uma prática de Yoga de 20 minutos. Mesmo em tão pouco tempo é possível entrar num estado de harmonia, talvez isso seja reflexo de anos de prática, talvez seja realmente possível aprender a deslizar para o estado de Yoga rapidamente.

Há exatos três meses e uma semana, dei a luz ao menino Ravi. Num parto normal bem difícil, mas com um final feliz. Ravi nasceu super bem e eu consegui não ter um corte na minha barriga. A recuperação de um parto seja ela normal ou cesariana não é fácil. Levamos 40 semanas para fazer o neném crescer dentro da barriga, que aumenta de tamanho incrivelmente, e de repente, após algumas horas de uma dor inenarrável (somente quem passou por ela pode saber do que estou falando), nasce uma criança, perfeita que já está pronta para mamar. Depois da criança vem a placenta, que sai como um segundo parto e leva com ela a produção de muitos hormônios que nos fazia tão felizes e calmas durante a gestação. Enfim, para mim o parto foi um trauma, não por conta da dor, mas sim por conta dessa quebra, desse corte hormonal.

Venho me recuperando aos poucos, mas nem de longe sou a pessoa que era antes de ser mãe. Bem, eu sei que nunca mais serei a mesma, afinal a gestação traz outra dimensão para nossas vidas.
Após o parto tive vários pequenos problemas de saúde, infecção urinária, candidíase, dores nos seios, nas costas, labirintite, dores de cabeça. Todos esses pequenos problemas surgiram também pela falta de tempo comigo mesma. O sono interrompido nas madrugadas e o cansaço, esse inicio da vida de um bebê e avassalador para a mãe.

Mesmo com tudo isso tenho conseguido pelo menos uma vez por semana parar e praticar por pelo menos vinte minutos. E como faz diferença. Ao praticar surgem todos os tipos de pensamentos na minha cabeça. Primeiramente aparece uma lista de coisas que eu poderia estar fazendo ao invés de estar praticando. Surgem também idéias e reflexões sobre Yoga. Mas acredito que a lista de afazeres é o meu maior obstáculo. Quando me proponho a praticar me seguro para não sair do tapete até terminar uma “seriezinha” completa. Logo quando termino, outro pensamento me acomete: Porque muitas vezes deixamos de praticar para cumprir deveres externos? Porque deixamos de nos cuidar para cuidar dos outros, da casa, das tarefas cotidianas?

Bem, claro que não posso deixar as necessidades do meu neném em segundo lugar. Agora ele tem a prioridade de tempo na minha vida e o meu tempo se tornou ainda mais raro e preciso. Por isso, vou me esforçar para conseguir deixar tudo o mais para depois e ter os meus poucos e preciosos minutos de pratica de Yoga como prioridade. Mas agora, o Ravi acordou, não dá tempo de escrever mais e nem de reler este texto. Vou publicar assim mesmo, assim que terminar de dar de mamá. 

Fotógrafo: Huan Gomes