Acabo de fazer uma prática
de Yoga de 20 minutos. Mesmo em tão pouco tempo é possível entrar num estado de
harmonia, talvez isso seja reflexo de anos de prática, talvez seja realmente possível
aprender a deslizar para o estado de Yoga rapidamente.
Há exatos três meses e uma semana, dei a luz ao menino Ravi. Num parto normal bem difícil, mas com um final feliz. Ravi nasceu super bem e eu consegui não ter um corte na minha barriga. A recuperação de um parto seja ela normal ou cesariana não é fácil. Levamos 40 semanas para fazer o neném crescer dentro da barriga, que aumenta de tamanho incrivelmente, e de repente, após algumas horas de uma dor inenarrável (somente quem passou por ela pode saber do que estou falando), nasce uma criança, perfeita que já está pronta para mamar. Depois da criança vem a placenta, que sai como um segundo parto e leva com ela a produção de muitos hormônios que nos fazia tão felizes e calmas durante a gestação. Enfim, para mim o parto foi um trauma, não por conta da dor, mas sim por conta dessa quebra, desse corte hormonal.
Venho me recuperando aos poucos, mas nem de longe sou a pessoa que era antes de ser mãe. Bem, eu sei que nunca mais serei a mesma, afinal a gestação traz outra dimensão para nossas vidas.
Após o parto tive vários pequenos problemas de saúde, infecção urinária, candidíase, dores nos seios, nas costas, labirintite, dores de cabeça. Todos esses pequenos problemas surgiram também pela falta de tempo comigo mesma. O sono interrompido nas madrugadas e o cansaço, esse inicio da vida de um bebê e avassalador para a mãe.
Mesmo com tudo isso tenho conseguido pelo menos uma vez por semana parar e praticar por pelo menos vinte minutos. E como faz diferença. Ao praticar surgem todos os tipos de pensamentos na minha cabeça. Primeiramente aparece uma lista de coisas que eu poderia estar fazendo ao invés de estar praticando. Surgem também idéias e reflexões sobre Yoga. Mas acredito que a lista de afazeres é o meu maior obstáculo. Quando me proponho a praticar me seguro para não sair do tapete até terminar uma “seriezinha” completa. Logo quando termino, outro pensamento me acomete: Porque muitas vezes deixamos de praticar para cumprir deveres externos? Porque deixamos de nos cuidar para cuidar dos outros, da casa, das tarefas cotidianas?
Bem, claro que não posso deixar as necessidades do meu neném em segundo lugar. Agora ele tem a prioridade de tempo na minha vida e o meu tempo se tornou ainda mais raro e preciso. Por isso, vou me esforçar para conseguir deixar tudo o mais para depois e ter os meus poucos e preciosos minutos de pratica de Yoga como prioridade. Mas agora, o Ravi acordou, não dá tempo de escrever mais e nem de reler este texto. Vou publicar assim mesmo, assim que terminar de dar de mamá.
Fotógrafo: Huan Gomes
Que lindo Camila! É isso aí, não importa o tempo de prática, se é uma "seriezinha" de 10 ou 20 minutos por semana, o importante mesmo é praticar. Pois é quando conseguimos nos reconectar e ganhar uma nova energia para lidar com tantos afazeres, para estarmos presentes de corpo e alma na exigente, cansativa e maravilhosa tarefa de ser mãe. Fico muito feliz por partilhares teus momentos e criarmos uma identidade com o que escreves, com o que sentes. Obrigada! Muita Luz a você e o lindo Ravi!
ResponderExcluirBjs! Carol Poeta.
Namaste Carol, saudades de ti.
ExcluirSim, poucos e essências momentos de integração consigo é o que o Yoga nos presenteia.
Beijos
Camila
Oi Cá!!!
ResponderExcluirNossa, como me identifiquei com seu texto... imagina só com dois filhos?! Rsrs...
Sabe, muitas vezes eu conseguia praticar só pranayamas... assim que o Hugo adormecia após mamar, ali mesmo sentada na poltrona me punha a fazer umas sequências de bhastrikas pra recuperar o fôlego dos cansaços noturnos e emendava numa respiração alternada. Depois alguns instantes em meditação...Esses poucos minutos me refaziam completamente.
Quando eu tinha alguns momentos maiores, quando eles passam a esticar a soneca, às vezes fazia só um sarvangásana... afinal a minha vida já estava toda de cabeça pra baixo mesmo...rsrs... quem sabe assim eu me relocalizava! E era bem esse efeito na alma... no corpo, parecia que a coluna ía logo pro lugar. Depois vinha a compensação (matsyasana) mentalizando um sankalpa com o coração aberto!
Mas sabe o que acho que esses poucos minutos de prática mais me traziam? Santosha... que é tudo que eu aprendi depois de ter filhos.
Desejo que seu caminho seja suave e profundo nesse trilhar da maternidade. Estamos juntas!
Um beijo grande e saudades!
Yuri, de BH
Namaste Yuri,
Excluiré isso ai. Filhos nos trazem uma grande sensibilidade. E pode ajudar ainda mais nossa prática, mesmo ela sendo pequenininha!
Beijo grande e saudades também!
Camila
Querida Camila, sou mãe de 2 filhos e ao ler tudo que vc escreveu neste post fui relembrando todos os momentos que passaram e posso te dizer que valeu muito a pena!!! Hj eles estão com 18 e 23 anos e meu filho mais velho eh professor de Yoga e isso me trouxe muita alegria, pois tbém sou professora de Yoga.
ResponderExcluirOs filhos são com certeza nossos "Mestres" e vc vai ver que ao longo dos anos quanta coisa se transforma na nossa vida e aprendemos com eles.
Dê o seu melhor... faça o seu melhor... vc não vai se arrepender, pois o tempo passa e vc vai sentir saudades... e vai até esquecer deste cansaço deste período em que os filhos são pequeninos.
Acredito que exista uma palavra chave neste processo de cuidar dos filhos: "ATENÇÃO"... e isto o Yoga nos ensina... e nos proporciona...
Tudo de bom, tenho certeza que com este lado sutil que vamos desenvolvendo através do Yoga você será uma boa mãe...
Que o seu caminhar seja pleno de atenção!!!
Bjs
Namastê!
Rosana Melo
Obrigada pelas sábias palavras, como na definição de Yoga na Gita: yoga é perfeição na ação.
ExcluirBjs e boas praticas
Querida Camila, sei bem do que estas falando. Estes primeiros anos de vida são pura doação. Qdo. eu fiz o curso com vc. meu Roberto estava com dois anos. Foi um grande presente ter aqueles momentos de aprendizado e prática "só meus". Realmente as noites mau dormidas nos deixam muito cançadas e as vezes adoecemos, mas eu garanto... passa muito rápido e o que fica é apenas a saudades daquele bebê fofo e amado. Agora olho para ele tão grande, tão independente com tantas idéias e pensamentos articulados e não me arrependo nem um pouco das enézimas vezes que me levantei só para ve se ele estava bem cobertinho. Apreveite cada momento, logo vai chegar o dia que ele vai dormir fora na casa de um amiguinho e vc. entra no quarto e se depara com o vazio e pensa que ele já não é mais só seu... Bjs. Dirlene
ResponderExcluirÉ isso mesmo querida Camila, tenho quase certeza que isso acontece com todas nós mamães! E sabe o que é melhor, hoje, nem lembro mais como eu era antes de ser mãe dos meus meninos, de tão compensadora que é essa vivência! Preservo minha identidade, amo tudo o que faço, mas principalmente perceber que eles já caminham sozinhos, são homenzinhos e que o futuro já começou. Uma delícia! Bjs. Helena Tonnera
ResponderExcluirque lindo!!
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